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EBOOK  Memórias Formativas um percurso autobiográfico no processo de formação de professor

E-book Memórias formativas: um percurso autobiográfico no processo de formação de professores

Organizadores:
Nednaldo Dantas dos Santos
Sayonara Fernandes da Silva
Maria Tereza Penha de Araújo Silva
Elisângela Ribeiro de Oliveira Cabral


Área de conhecimento: Educação

Idioma:
Português

Ano: 2024 - 1ª Edição

Número de páginas:
453 páginas

Formato: Pdf

Tamanho do arquivo:
2,9MB

ISBN: 978-65-89928-94-2

DOI: 10.47538/AC-2024.39

Memórias Formativas

Um percurso autobiográfico no processo de formação de professores

     Nos últimos trinta anos experimentamos e sistematizamos nos cursos de graduação do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), denominado Memorial de Formação. Inventamos esse formato de trabalho sob a orientação do professor francês Michel Brault, que nos idos dos anos 90 nos assessorou na criação do então Instituto de Formação de Professores Presidente Kennedy, criado, dentre outros objetivos, na tentativa de ‘sanar’ uma defasagem existente, à época, na rede pública de ensino, na qual muitos de seus professores e professoras não possuíam curso superior para exercerem à docência. Estava em construção uma nova legislação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9394/96, que trazia em seu artigo Art. 62 a indicação de que a partir de então o curso superior passaria a ser exigência prioritária para se lecionar na Educação Básica.

     Desafio posto, caímos em campo para a criação de um curso que habilitasse os docentes da rede pública estadual para exercerem uma ação docente em uma perspectiva crítica e reflexiva, na qual as suas práticas pedagógicas seriam referência em seus processos formativos. Criado o projeto pedagógico do curso, que incluía como TCC o Memorial de Formação, era hora de arregaçar as mangas e aprendermos junto com quem ensinaríamos.

     No tocante ao Memorial de Formação, recorte que aqui faço ao prefaciar esta coletânea, tratava-se naquele momento de um gênero textual inédito, especialmente como TCC de curso de graduação. Nele, aqueles que realizavam seu curso superior em Pedagogia, deveriam refletir acerca de seu próprio processo de formação. As experiências vivenciadas, as descobertas, a ressignificação do seu próprio fazer nos aspectos pessoal e profissional.

     Naquele momento não tínhamos referências teóricas acerca daquele tipo de trabalho que estávamos ousando fazer. Sim, aquele era um ato de ousadia. Gerar algo novo no mundo arcaico e tradicional do ensino superior é um gigantesco ato de ousadia, ou, por que não dizer, de rebeldia.

     O Memorial, como estávamos gerando, era transgressor. Transgredia as normas pré-estabelecidas de um Trabalho de Conclusão de Curso em cursos de licenciatura. O que já existia, que mais se aproximava e, talvez, só no nome, era o memorial acadêmico, esse sim, velho amigo e companheiro do mundo acadêmico. Portanto, fomos buscar no e-book Metamemória, Memórias: travessia de uma educadora de Magda Soares algo que nos servisse de farol. Entretanto, também não era aquilo que queríamos.

     No início, o Memorial de Formação poderia trazer as reflexões realizadas pelos professores e pelas professoras, sempre de forma narrativa e reflexiva, por meio de vários gêneros, tais como em verso, em prosa, ou como mais se quisesse escrever, como é possível encontrar nos arquivos de nossa biblioteca. Não existia, naquele momento uma fôrma, um formato linear, ele era o retrato de uma educação transdisciplinar, envolvia ciência, arte, sentimentos e emoções, de forma livre, não engessado.

     Com o passar do tempo essa liberdade passou a incomodar demais, era preciso por na fôrma, enquadrar o Memorial de Formação. Regras, padrões, rigidez passaram a imperar, era preciso tornar esse texto ‘decente’. Como era possível tamanha liberdade por parte de um trabalho acadêmico, sério?

     A jovialidade já não existia, o romantismo também não. No nosso mundo acadêmico impera a formalidade sisuda para dar mais ‘robustez’ a produção. Isso é realmente necessário? Não é possível existir uma forma menos cartesiana de se contar uma história de vida em formação?

     Bem, o fato é que com todas essas mudanças, o valor formativo do Memorial de Formação, como coroamento dos cursos de licenciatura do IFESP, é inegável, uma vez que provoca em quem escreve, muitas vezes, verdadeira catarse, um autodescobrir-se, um auto entender-se, um auto revelar-se. Um mergulho em seu próprio processo de existir.

     Assim sendo, convido o caro leitor a se deleitar em alguns Memoriais de Formação desses novos tempos com a compreensão de que aqui estão recortes feitos por pessoas que se permitiram desnudar-se e expor fatos significativos do seu existir. A essas pessoas somos gratos pelas aprendizagens contidas em seus escritos.

 

Profª. Ma. Tereza Cristina Bernardo da Câmara

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